quarta-feira, 6 de abril de 2011

             INTRODUZINDO O APRENDIZADO COM A SÍLABA DO CA


CONFECÇÃO DO CAVALO







terça-feira, 5 de abril de 2011

1º DE ABRIL DIA DA MENTIRA



A palavra mentir vem do latim, uma língua que foi falada há muitos séculos, e hoje não é falada por mais ninguém. Mintire, no latim, quer dizer “faltar com a verdade, iludir, enganar”. Quem é mentiroso não engana só aos outros, mas também a si próprio.
Isso me faz lembrar uma história estranha, que alguém me contou muito tempo atrás. Quero que vocês conheçam.

Era uma vez,
(ninguém sabe onde é)
O país dos mentirosos:
um país onde ninguém
falava a verdade.
Quando o sol nascia,
Logo alguém dizia:
_ Que lindo pôr-do-sol!
À noite, naturalmente,
Quanto mais enluarada,
Mais diziam: _Gente,
está escuro totalmente,
não dá pra enxergar nada.
Se você ria: _ Coitado,
O que lhe aconteceu de errado?
Se chorava, por outro lado:
_Que sujeito original,
sempre em festa,  que alegria,
que cabeça genial.
Chamavam a água de vinho,
o grande de pequenininho,
a cadeira era armário
e todas as palavras
eles viraram ao contrário.
Não era permitido
agir de outro jeito,
mas, acostumados assim,
tinham um entendimento perfeito.
Mas um dia apareceu,
neste país, um homenzinho
que nunca leu,
o pobrezinho,
o código dos mentirosos,
por isso tranquilamente
pra lá e pra cá ele ia
falando que o dia era dia,
que a noite era noite,
que a cadeira era cadeira,
e não dizia uma palavra
que não fosse verdadeira.
Assim, de um dia para outro,
O prenderam, o amarraram,
O levaram para o hospital.
_ Esse sujeito é louco,
Só a verdade quer falar.
_ Puxa, é mesmo, será?...
_ Palavra, juro,
podem perguntar
ao médico doutor.
_ É um caso interessante
que vai fazer furor,
virão de bem distante
quinhentos professores
para estudar-lhe a cabeça.
Aquela estranha doença
foi comentada, falada,
escrita e publicada,
em mais de cem capítulos,
na Gazeta da Mentira.
Enfim, para contentar
a curiosidade popular,
o Homem-que-dizia-a-verdade
foi exposto, a pagamento,
no zoológico da cidade
numa gaiola de cimento.
Mas aí a coisa toda
complicou-se totalmente,
aconteceu que o doente
a todos contaminou.
A doença, contagiosa,
Logo se espalhou
e por toda a cidade se alastrou
o vírus da verdade.
Polícias, médicos, autoridades
fizeram o possível
para conter a epidemia:
tudo em vão, nada servia.
E o mais interessante
é que ninguém queria
se deixar curar
com o “soro da mentira”
(um xarope preto, horrível,
que não dava pra tomar).
Libertaram o prisioneiro,
o elegeram presidente
e quem não acredita
não entendeu nada absolutamente.

                   Gianni Rodari – O livro dos porquês